Notícias
Modelo de esgotamento sanitário coleta em tempo seco foi discutido durante reunião online
O Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura (FGV – CERI) promoveu nesta semana, um webinar para discutir a possibilidade e implicações da inserção dos sistemas de drenagem urbana nos projetos de saneamento, assim como é utilizado no modelo Coleta em Tempo Seco, que capta as contribuições que passam pelas galerias pluviais e encaminha para a estação de tratamento, adotado nas cidades da Região dos Lagos. Durante o debate, a Lagoa de Araruama ganhou destaque como case de sucesso na recuperação da qualidade ambiental do ecossistema, graças aos investimentos em saneamento básico.
O evento com transmissão on-line, que foi moderado pela diretora do FGV CERI, Joisa Dutra, e Luiz Firmino, pesquisador associado FGV CERI, que atuou como secretário-executivo do Consórcio Ambiental Lagos São João (CILSJ), teve como palestrantes Gabriel Fiuza de Bragança, secretário adjunto da secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura do Ministério da Economia, Paulo Canedo, professor do programa de Engenharia Ambiental – UFRJ, Marcelo Gomes Miguez, professor do programa de Engenharia Ambiental da UFRJ e Marcos Thadeu Abicaliu, executivo sênior na New Development Bank (NDB).
Para os participantes, adotar o sistema de Coleta em Tempo Seco pode ser uma solução para universalizar o saneamento no Brasil. “Além de tratar o esgoto, esse modelo também diminui o problema do lixo urbano, pois há um permanente trabalho de limpeza dos gradeamentos nos pontos de interceptação. Na Lagoa de Araruama a gente não vê lixo boiando ou encostando nas margens. Não conheço nenhum país que queira desativar seu sistema de tempo seco”, pontuou Luiz Firmino.
Em 1998, quando a Prolagos assumiu os serviços de saneamento nas cidades Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, todo o esgoto in natura era despejado na Lagoa de Araruama e nas praias. A maior laguna hipersalina em estado permanente do mundo estava em avançado estado de degradação ambiental. Para ajudar na sua recuperação, a sociedade civil organizada solicitou a mudança do contrato, propondo que as concessionárias que atuam na Região dos Lagos antecipassem os investimentos em esgotamento sanitário e aderissem ao sistema de captação a tempo seco, onde o esgoto que corre pela drenagem pluvial é desviado para coletores e o resíduo transportado para as estações de tratamento, retornando para o meio ambiente dentro dos padrões ambientais.
Com a mudança aprovada pelo poder concedente, Ministério Público e pela Agência Reguladora (Agenersa), o índice de atendimento em esgotamento sanitário saltou de 0 para 80,12% e todo esgoto coletado é tratado. Além disso, a concessionária construiu redes coletoras, que atuam como cinturões, blindando a laguna e captando o esgoto que chega pela rede de drenagem. “A solução dada à Lagoa de Araruama, que sofria uma enorme degradação, salvou o maior ativo ambiental e econômico da Região dos Lagos, que é a laguna. Ela estava em risco iminente de perda da sua capacidade de regeneração e de uso para o lazer e pesca. A solução do recolhimento do esgoto em tempo seco e seu tratamento levou com que a lagoa tivesse hoje, condições muito melhores do que tinha há 15 anos”, ressaltou Marcos Thadeu Abicaliu.